Indo e vindo

 


Vc tá quieto no seu lugar. Tá vivendo sua vida. Acorda, vai andar com o dog, caminha ou corre, se prepara para o dia, trabalha, almoça, descança, trabalha, vai comprar pão, toma café ou janta, vai dormir assistindo alguma série. Nos finais de semana quase que repete a mesma rotina, com pequenas diferenças. Ou seja, não trabalha, fica vendo série com o peso na consciência de não estar produzindo algo, mas não para ou enche o rabo de cerveja (hoje no máximo 4 long, a diabetes me fez ficar sensível ao álcool. E não, eu não vou parar de tomar uma, até porque eu corro na praia todo santo dia, pra poder beber)  pra dormir mais e acordar com a sensação de que perdeu o dia.

Aí, do nada,  num desses momentos de caminhada matinal ou até a padaria, vc pensa: e seu eu tivesse escolhido outra profissão? Algo em que eu tb sou bom. Música, escrever, fazer vídeo, ser jornalista. Claro que penso em um desses universos paralelos de cada vez ta? Vc já teve essa sensação? 

Outra coisa também são os estudos. Tanta coisa pra aprender, inclusive o que eu gosto. Mas cadê tempo? Cadê tara? Cadê a vontade real de fazer? Sim, vontade real, porque eu tb acho que, quando vc realmente quer, realmente deseja, vc faz. Mas tb penso em "será mesmo, ou vc precisa ter prioridades?" 

Eu lembro que quando eu tinha 16 anos, tive uma vontade imensa de aprender violão. Desenhei um braço de violão numa tábua que tinha a largura de um braço de violão. E comecei a praticar. 

Um dia uma amigo do meu pai esteve lá em casa pra "tomar uma" e meu pai, todo orgulhoso apresentou minha vontade a esse amigo. Detalhe, esse amigo estava com seu violão. Ficou olhando pra mim e pro meu violão fake. No final do dia, antes de ir embora, me chamou: "ó, vou deixar esse violão contigo. Não é seu, um dia eu venho pegar". 

Pronto, todo santo dia, chegava da escola e ia praticar, cordas de aço que me cortavam os dedos e me deixava com calos. Solução? Cumbuquinha de gelo do lado. Um dia ele veio e pegou o violão.

A partir daí, entrei na igreja e comecei a tocar na Renovação Carismática, Missa. Claro que tive ajudas imensas, principalmente de um amigo que eu me espelhava muito, inclusive observando como ele tocava samba. Aprendi. Pronto, agora poderia sair com meu pai e um violão no ombro, tomando cana por aí.

Em resumo, eu quis profundamente aprender violão e aprendi. Por isso que entro nessa neura de duvidar se quero mesmo aprender aquilo que me propus e acho que não tenho tempo pra isso.

Voltando ao assunto de ir e vir. Eu fico nessa masturbação de variáveis. Até acho que quando isso acontece é porque meus outros universos estão raspando um no outro sabe? E fico pensando: "Será que os outros Meuzent estão na mesma situação que eu?".

E esses pensamentos que me ocorrem me fazem pensar "o que eu tô fazendo nesse mundo caralho? Qual o sentido de tudo isso? O que eu to construindo tá me fazendo feliz ou eu acho que estou feliz?" Que porra!

E eu to escrevendo isso porque, justamente nesse momento me ocorre esse pensamento. E o título do post é sobre isso: ir e vir. Voltar a escrever nesse blog e ficar alguns milhões de anos até ter outra crise e vir aqui.

O bom é saber que essa sensação amanhã não existirá. 

Ou até mesmo hoje, depois de conversar com Jah.

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